sexta-feira, 4 de março de 2011

MARCOS FRANÇA: NÃO ESTAMOS EM UMA BOLHA IMOBILIÁRIA


Os preços dos imóveis nas principais cidades brasileiras dispararam nos últimos anos. Para o diretor comercial da Requadra Desenvolvimento Imobiliários, Marcos França, porém, o País não passa por uma bolha imobiliária. “Grande parte da valorização já acompanhamos. Não vai existir uma continuidade nesse ritmo [de valorização]“, diz. Veja a entrevista completa abaixo:

Por que o preço dos imóveis em São Paulo subiu tanto?

O imóvel no Brasil sempre foi sinônimo de garantia. A gente herda isso desde os nossos pais, avós, que sempre que sobra um dinheiro, imobilizamos num imóvel. Sabemos que no mercado imobiliário os preços dos apartamentos nunca caem. Na pior das hipóteses eles ficam estabilizados ou acompanham a inflação. Esse dado histórico também contribui muito para este momento de superaquecimento do mercado.

E no caso dos apartamentos pequenos? Por que houve valorização?
Falando especificamente de apartamentos pequenos, que nos últimos seis anos subiram até 80% em São Paulo, umas das coisas que a gente pode entender é uma demanda reprimida que o mercado sempre teve, de apartamentos compactos, principalmente de apartamentos bem localizados. A qualidade está muito relacionada ao tempo de deslocamento de um ponto para outro, da casa para o trabalho, para a escola, para a rotina que você tem no dia a dia. A gente notou, principalmente no centro de São Paulo, que as pessoas queriam muito morar lá. Há falta de opção de apartamentos compactos. Ou são apartamentos antigos e grandes, que não apresentam vaga de garagem. As pessoas não encontravam apartamentos novos, que fossem financiados pelo banco.

Famílias menores também são um motivo?
Sim. Outro ponto é que por muito tempo o mercado de São Paulo ficou focado em apartamentos de três e quatro dormitórios. Por outro lado, notamos que as pessoas cada vez mais têm menos filhos. Existem muitas pessoas solteiras, separações, a expectativa de vida é maior, então muitos idosos moram sozinhos. Isso era um contra censo: os produtos ofertados não batiam com as necessidades da sociedade. São fatores que explicam grande parte da valorização destes apartamentos. Sem esquecer logicamente da abundancia de crédito imobiliário que temos hoje, que facilitou bastante a aquisição do primeiro imóvel. Notamos que muita gente que opta por morar perto do trabalho, morar no centro, troca o aluguel pela casa própria. A parcela que se paga hoje no financiamento, às vezes, é muito compatível com o que a pessoa paga no aluguel.

A valorização se deu de forma generalizada ou pontualmente?
A valorização se deu de forma geral, mas é lógico que pontualmente a gente nota alguns picos de valorização como na região do centro de São Paulo e Moema, que tem outro perfil, outro produto. Dependendo da região essa valorização foi bem acentuada.

Estamos no meio de uma bolha imobiliária como alguns especialistas já apontam?
Eu não acredito nisso. Acho que temos espaço para a valorização dos imóveis. Acho que a grande valorização a gente já acompanhou. Não vai existir uma continuidade nesse ritmo. Agora vai ser pontualmente, um produto ou outro. Mas a grande subida dos preços já acompanhamos. Eu não acredito em bolhas porque se a gente pegar a participação do crédito imobiliário no PIB é muito baixa comparativamente a outros países vizinhos. Estamos vivendo um período de demanda reprimida e o mercado está se ajustando.

Quem pensa em comprar um imóvel deve esperar ou já adquirir o bem?
Se o objetivo é comprar o primeiro imóvel, a pessoa deve tomar a decisão de como comprar, avaliando a incorporadora, a construtora, a taxa que ele consegue no financiamento bancário, mas não adianta esperar achando que o preço vai cair. Acho que não vai subir muito mais, mas vai ficar nesse patamar.

Quais são as dicas para não pagar caro?
Eu acho que a primeira coisa é entender, se o objetivo é morar, que existem outros lançamentos semelhantes na região e a que preços esses produtos estão sendo negociados. Depois disso, entender a condição que o imóvel está sendo oferecido a esta pessoa, qual o porcentual até a entrega da chave e qual o porcentual depois da chave.

Fonte: O Estadão / Yolanda Fordelone

2 comentários:

  1. "Sabemos que no mercado imobiliário os preços dos apartamentos nunca caem."

    comentario idiota. so olhar o que aconteceu nos USA.

    ResponderExcluir
  2. Nunca diga nunca. O Titanic era inafundável, e afundou. Imóvel não desvalorizava, mas desvalorizou. Bolha não existe, mas Estados Unidos, Espanha, China, e outros países sofrem com ela. E o Brasil, é imune? Será?

    ResponderExcluir