terça-feira, 17 de julho de 2012

DADOS MOSTRAM QUE BOLHA IMOBILIÁRIA NOS ESTADOS UNIDOS CHEGOU AO FIM


NOVA YORK - Nesta semana, vários indicadores econômicos oferecerão o primeiro indício da atividade nos Estados Unidos no segundo semestre do ano, marcados pelas expectativas de recuperação no mercado imobiliário. Apesar de as hipotecas terem ficado mais baratas, o desemprego elevado e os esforços de alavancagem atrasaram a recuperação do mercado imobiliário desde a crise financeira. Entretanto, esse setor da economia, há muito deprimido, recentemente mostrou alguma luz, e economistas ouvidos pela Dow Jones acreditam que essa recuperação deve se manter.

Economistas preveem que o índice de confiança das construtoras de casas/NAHB, deve ficar em 30, em julho, acima dos 29 registrados mês passado. Esse dado será seguido pela divulgação, na quarta-feira, das construções de moradias iniciadas, cuja expectativa é de aumento para 745 mil em junho, de 708 mil em maio. Por fim, o setor encerra na quinta-feira a divulgação de dados as vendas de moradias usadas, com previsão de alta pelos economistas para 4,65 milhões em junho, de 4,55 milhões em maio.

Os números agora estão convencendo. Quase sete anos depois do estouro da bolha imobiliária, a maioria dos índices registraram melhoras. "Finalmente, é possível ver algum aumento nos preços das residências", comentou David M. Blitzer, presidente do comitê de índices da S&P, após a divulgação do índice de preços de residências SP/Case-Shiller ter registrado a primeira alta mensal em abril, após sete meses consecutivos de retração.

Em maio, foram vendidas cerca de 10% a mais de residências existentes em relação a igual período do ano anterior, muitas delas compradas por investidores que planejam alugá-las agora para vendê-las mais tarde, um sinal importante e um ponto de inflexão. Além disso, os estoques de residências existentes para vendas caiu para perto do nível normal em seis meses, apesar de todas as hipotecas devidas pelos emprestadores. A fração de residências que estão vagas está em seu menor nível desde 2006.

A redução dos estoques de residências não vendidas é importante, explica Mark Fleming, economista-chefe da empresa de análise de dados, CoreLogic. Nos últimos dois anos, os preços das residências aumentaram no verão para então caírem, o declínio na oferta de residências para venda é a razão para acreditar que isso não vai ocorrer novamente este ano, afirmou Fleming.

Os construtores começaram a construir 26% a mais de casas para famílias em maio de 2012 em relação aos níveis deprimidos de maio de 2011. O estoques de novas residências não vendidas está de volta ao nível de 2005. Em cada um dois quatro trimestres passados, a construção de residências foi acrescentada ao crescimento econômico. No primeiro trimestre, esse estoque respondeu por 0,4% na margem na taxa de crescimento de 1,9%.
"Mesmo com a economia geral desacelerando", afirmaram economistas do Wells Fargo Securities, cautelosamente em nota a clientes, "a recuperação do mercado de construção de residências parece estar ganhando impulso gradual."

O mercado imobiliário ainda está longe de ter se recuperado totalmente, apesar dos esforços do Federal Reserve para ressuscitá-lo ajudando a conter as taxas de hipotecas para extraordinárias baixas: 3,62% para empréstimos de 30 anos, segundo levantamento da Freddie Mac. A construção de unidades residenciais iniciadas, por sua vez, permanece 60% abaixo do ritmo de antes da bolha em 2002. Os ativos dos americanos em residências estão em US$ 2 trilhões, ou 25% menos do que estavam em 2002 e metade do que estiveram no pico. Mais de uma em cada quatro hipotecas ainda continua com o valor muito acima do valor do imóvel, ainda que o aumento nos preços das residências tenha reduzido essa fração lentamente.

A reviravolta no mercado imobiliário é um marco, particularmente bem-vindo em meio à pressão por emprego. Por algum tempo, esse mercado foi considerado uma das causas do enfraquecimento econômico, mas agora ele agora se moveu para o outro lado. "Um pequeno sopro é muito melhor do que um vento contrário", lembrou o economista do Case/Schiller.

A partir de agora, é improvável que o mercado imobiliário possa afundar a economia dos EUA ainda mais. Ao invés disso, esse mercado refletirá o fortalecimento ou enfraquecimento de toda a economia: quanto mais trabalho houver, maior será a confiança na manutenção do emprego e mais os americanos ficarão dispostos a comprar casas. "O setor de manufaturados conduziu o crescimento e o da construção atrasou", afirmaram economistas do JPMorgan na semana passada. "Agora os papeis se inverteram: o crescimento em manufaturados desacelerou e as construções privadas aceleraram."

A grande ameaça é a enorme sombra provocada pelos estoques de residências à venda, casas que os proprietários não puderam colocar no mercado porque suas hipotecas eventualmente serão executadas e casas de propriedade de emprestadores. Essas estão entrando a conta-gotas no mercado devido, em parte, aos esforços do governo para atrasar as execuções, mas que podem inundar o mercado e reverter a recente alta nos preços.

Outra ameaça, é o ainda disfuncional mercado de hipotecas piorar, ou ainda os reguladores excessivamente zelosos, ou as mudanças na política do governo após as eleições que podem perturbar os emprestadores de hipotecas ou os compradores de residências. As informações são da Dow Jones.

Fonte: MSN Estadão

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