sexta-feira, 5 de outubro de 2012

ECONOMISTA AFIRMA: ESTAMOS À BEIRA DE UMA CATÁSTROFE IMOBILIÁRIA

 Adolfo Sachsida

Apesar de muita gente acreditar que o Brasil está livre do risco de ter uma bolha no setor imobiliário, há também muita gente que não duvida da existência deste risco, inclusive existem indícios científicos em relação aos rumos do País para a formação deste fenômeno, que com a excessiva oferta de crédito, acaba permitindo ao indivíduo comprar mais do que realmente pode.

O professor e pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Adolfo Sachsida, diz que as pessoas pensam que o País está livre do risco de bolha porque nos Estados Unidos, onde a bolha explodiu, o volume de empréstimos destinados ao setor imobiliário correspondia a mais de 50% do PIB, enquanto que no Brasil chega a 5%, 6%. “O fato de estes números serem menores aqui significa que os estragos de uma futura bolha serão menores, mas não exclui a possibilidade de ocorrer este fenômeno no atual cenário que o Brasil está”, diz o economista, que junto ao pesquisador Mário Mendonça, publicou um estudo para o Ipea apontando a possibilidade concreta da existência de uma bolha no mercado de imóveis do Brasil.

Nos últimos três anos, o preço médio dos imóveis em algumas metrópoles brasileiras subiu em média 150%. O valor alto assusta, mas quando vemos na prática, nos apavoramos mais ainda com a evolução insustentável do setor de imóveis no Brasil, que com o crescimento acelerado da oferta de crédito infla a bolha de preços imobiliários.
“Estamos próximos de uma catástrofe imobiliária”, alerta o professor Adolfo Sachsida, que explica que os estímulos à economia pelo Governo estão sendo aplicados de maneira errônea pelas políticas fiscal e monetária e estão levando ao mau crescimento do setor, com a alta desenfreada dos preços nas metrópoles pesquisadas: São Paulo, Rio, Salvador, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza e Brasília.

Quanto à Política Fiscal, Sachsida afirma que o Governo deveria gastar menos e reduzir os impostos, pois assim o brasileiro teria mais dinheiro no bolso para comprar imóvel e não precisaria tomar tanto crédito para financiamentos. “Quando o Governo joga um rio de crédito, a demanda vai para cima e como a oferta de imóveis não a acompanha, o resultado é a elevação dos preços”, diz ele, afirmando que as construtoras não são culpadas, já que estão respondendo aos estímulos das atitudes do Governo no mercado.

Em relação à Política Monetária, o economista afirma que o governo tem adotado uma política extremamente permissiva com a inflação, desprezando o combate dela para o segundo plano
Um dos indícios de bolha é a atual situação do mercado. Sachsida afirma que se perguntarmos aos vendedores de imóveis como está o ano, eles dizem que as vendas estão bem mais fracas. “Isso é um sinal amarelo para o mercado”, alerta.

Soluções 
“O Governo deveria parar de ser ganancioso e diminuir os impostos”, Sachsida acredita que o modelo expansionista do Governo está errado e que o natural seria que as pessoas comprassem seus imóveis sem a necessidade deste dinheiro artificial conseguido pela alta expansão do crédito nos últimos meses. Segundo ele, se os impostos baixam, o poder de compra do consumidor aumenta.

Juros vão subir
O professor Sachsida se preocupa com o fato de o governo estar expandindo demais o crédito, sobretudo no setor imobiliário, pressionando a taxa de juros artificialmente para baixo. Conforme diz, isso dá uma falsa impressão de que temos poupança para financiarmos grandes projetos.

Os juros nos EUA e na Europa nunca foram tão baixos e para o economista, essa situação não vai permanecer por muito tempo. "Quando a taxa de juros internacional subir, o Brasil será obrigado a fazer o mesmo por aqui, colocando em situação delicada as pessoas que pegaram empréstimos pós-fixados, que é a esmagadora maioria”, completa.

Em crítica ao Banco Central, Sachsida fala que hoje o Regime de Metas de Inflação não é mais respeitado. “O BC deve explicações à sociedade brasileira pelas políticas que vem adotando”, finaliza o pesquisador.

Fonte: InfoMoney

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