domingo, 26 de abril de 2015

SALVADOR: NOVOS CAMINHOS PARA O MERCADO IMOBILIÁRIO

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A ligação entre a orla atlântica da cidade e o subúrbio ferroviário através da Linha Azul e da Linha Vermelha deve ajudar a criar no miolo de Salvador, ao longo da próxima década, um novo eixo de desenvolvimento imobiliário. Além de impulsionar ainda mais bairros em acelerado processo de crescimento, como Cajazeiras e Jaguaribe. Entre a Paralela e a BR-324, o maior desafio será garantir o acesso a água, luz e saneamento básico, sem falar na regularização fundiária.

“Deve acontecer uma nova revolução urbana, como foi a implantação do Iguatemi (atual Shopping da Bahia)”, avalia o presidente do Sindicato da Indústria da construção (Sinduscon), Carlos Henrique Passos, lembrando o boom imobiliário que aconteceu nas imediações da Pituba com a chegada do shopping na década de 70.

Quatro anos depois da abertura do primeiro grande centro comercial de Salvador,um grupo de especialistas em urbanismo contratados pela Conder diagnosticava a necessidade de construção de duas vias ligando a orla ao subúrbio, que agora estão finalmente em fase de conclusão e podem, em parte, repetir a história de desenvolvimento da antiga Fazenda Joventino Silva, que virou o maior bairro de classe média de Salvador, a Pituba.

O padrão de renda no miolo da cidade é bem inferior ao da Pituba e não há terrenos virgens à disposição, mas o presidente do Sinduscon acredita que a cidade está prestes a assistir a uma nova era de desenvolvimento imobiliário.

Para ele, em um primeiro momento após a conclusão das vias deve começar um movimento de instalação de grandes equipamentos comerciais no miolo da cidade, uma vasta área que inclui o Centro Administrativo da Bahia, o Estádio Manoel Barradas, o Porto Seco Pirajá e que deve receber, nos próximos anos, a nova estação rodoviária, que está sendo planejada para o bairro de Águas Claras, junto à BR-324, e a uma futura estação de metrô de Salvador.

“Essas vias criam um novo vetor de desenvolvimento para a região do miolo da capital, onde estão localizados diversos bairros, como, por exemplo, São Marcos, Cajazeiras, Mata Escura, Águas Claras e Castelo Branco, que contam com mais de um milhão de habitantes”, afirmou o diretor de obras estruturantes da Conder, Sérgio Silva.

“Cajazeiras é quase uma cidade dentro de Salvador, que está praticamente isolada. Com a nova via (Linha Vermelha), o bairro se conecta com outras regiões e ganha perspectiva de crescimento”, afirma Passos, que vê para os próximos cinco anos um ciclo de atração de empreendimentos comerciais. E,nos anos seguintes, uma tendência à construção de novos empreendimentos residenciais.

QUESTÃO FUNDIÁRIA
Um dos integrantes do grupo que começou a planejar as duas ligações em 1979, o professor de urbanismo e planejamento urbano e regional da Unifacs Armando Branco está de acordo que as novas vias devem promover o desenvolvimento no miolo da cidade, mas chama a atenção para o fato da futura ocupação comercial dessas áreas, que hoje têm principalmente o que o professor classifica como “desenvolvimento espontâneo”, como as construções feitas pelos próprios moradores nos anos 70 tão logo foram entregues as avenidas de vale, como Ogunjá e Bonocô.

“A futura ocupação nessa região vai depender de quem sejam os donos dos terrenos. Se o governo, por exemplo, tem áreas reservadas para o Minha Casa, Minha Vida”, assinala Armando Branco.

No bairro de Fazenda Grande, por exemplo, o governo acaba de construir um conjunto habitacional para onde estão sendo transferidas 140 das 1.200 famílias que tiveram imóveis desapropriados para a construção das vias.

Mas, como ressaltou Branco, o tipo de desenvolvimento do miolo de Salvador passa também pelo tamanho dos terrenos particulares disponíveis e a intenção que os seus donos tenham de como usá-los. Uma enorme área no Cabula cujo dono permaneceu no anonimato por décadas virou o Shopping Bela Vista e um bairro planejado, ainda em construção, tão logo começou a se concretizar a primeira linha do metrô, que passa em frente ao estabelecimento.

“O que vai ser construído nos próximos anos depende ainda do aquecimento da economia e da oferta de infraestrutura”, avalia o presidente do Sindicato da Habitação (Secovi), Kelson Fernandes. Mas no setor não há dúvidas de que o miolo de Salvador vai atrair investimentos quando as pistas forem inauguradas.

OBRAS DE MOBILIDADE EM SALVADOR LINHA VERMELHA
Inclui a duplicação da Avenida Orlando Gomes, em Piatã, a construção da 29 de Março e dos elevados da Paralela e vai até a BA-528 (Estrada da Base Naval). Vai passar pela futura rodoviária em Águas Claras e pela Estação Águas Claras da linha 1 do metrô. Vai beneficiar diretamente Jaguaribe, Piatã, Mussurunga, Cajazeiras e Pirajá. Conclusão em 2017, segundo a Conder

LINHA AZUL
Será composta pela Avenida Pinto de Aguiar, já duplicada, pela Avenida Gal Costa e pela ligação Pirajá-Lobato. Vai beneficiar diretamente os moradores de Patamares, Jaguaribe, Sussuarana e Lobato. Conclusão prevista para 2017.

LINHA 2 DO METRÔ
Quando estiver pronta, vai ligar a estação Acesso Norte, perto do Shopping Bela Vista, a Lauro de Freitas. Vai beneficiar diretamente os moradores daquele município e quem mora ao longo da Avenida Paralela. Além de quem mora em Cajazeiras, no subúrbio e na orla e que vai poder chegar à Paralela de ônibus. Conclusão gradual das estações até 2017.

BRT
Uma via exclusiva de bus rapid transport (BRT) vai ser construída pela prefeitura entre a Estação da Lapa e o Iguatemi. Conclusão em 2017.

COM NOVAS VIAS E PDDU, A ORLA VAI CONCENTRAR PRÉDIOS DE ALTO PADRÃO
Bairros como Patamares, Piatã e Jaguaribe devem concentrar lançamentos imobiliários de luxo, segundo avaliam executivos do setor da construção civil, levando em conta a conclusão das linhas Azul e Vermelha e a eventual aprovação do novo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) e da Lei de Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo (Louos).

“Ao lembrarmos de Jaguaribe, sempre pensamos em praia, mas com as novas ligações, os moradores vão chegar rapidamente à BR-324”, afirma o presidente do Sinduscon, Carlos Henrique Passos.

O bairro, que durante as décadas de 80 e 90 era referência de condomínios de casas de classe média-alta, como a Aldeia Jaguaribe, tem atraído investimentos cada vez mais luxuosos, como o D’Azur e o Première Jaguaribe, cuja unidade pode sair por mais de R$ 1,5 milhão.

“O norte da cidade é o principal vetor de desenvolvimento”, assinala o presidente do Sindicato da Habitação da Bahia (Secovi-BA), Kelson Fernandes, que confirma a vocação para empreendimentos de alto padrão dos bairros litorâneos que serão conectados ao miolo e ao subúrbio pelas duas novas vias.

O PDDU e a Louos estão em tramitação na Câmara Municipal de Salvador e devem ser votados ainda este ano.

Fonte: A Tarde

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